Infelizmente, viver com depressão é uma realidade cada vez mais comum nos dias que correm.
Quando um familiar tem uma doença mais visível aos olhos, como é o caso do cancro, todos se unem como forma de apoio e solidariedade.
Mas quando falamos de depressão, uma doença quase invisível aos olhos… a realidade é completamente diferente!
Para quem está “de fora” a depressão é tão somente um capricho… ou preguiça, dependendo de quem estamos a falar.
Mas, para quem vivencia diariamente esta realidade, viver com depressão é uma luta … e que não sabemos se vamos conseguir vencer.
Viver com depressão: a realidade
“O alarme do telemóvel toca em cima da mesa-de-cabeceira… novamente desde que adiei o toque por mais 10 minutos.
Salta-me um palavrão no pensamento e a frase “Estou farta” martela-me o juízo como um mantra hipnotizador.
A ideia de sair da cama, do escuro, enfrentar um duche, entrar no trânsito, trabalhar e fazer todas as minhas rotinas parece exigir de mim uma energia e vontade que não tenho.
Tudo é difícil e penoso para mim, a começar com o facto de precisar de me levantar da cama.
Quando esta dificuldade começou há alguns meses ela foi entrando de mansinho, justifiquei os sonos excessivos, as insónias, a irritabilidade e a lágrima fácil com o excesso de trabalho, o cansaço, a falta de férias…
Só que uma espiral poderosa e negra foi progressivamente puxando-me para o seu centro mais profundo, sugando cada grama da minha energia e motivação para vida.
O alarme toca novamente “Estou farta” diz o meu pensamento.
Agarro o telemóvel e faço pela primeira vez, a primeira de muitas que se seguirão, a chamada para o emprego: “Está Luísa, bom dia… Não, olha hoje não estou bem, não vou trabalhar ok?… Estou com uma terrível enxaqueca e doí-me o corpo todo (menti), devo estar a chocar alguma gripe… obrigada, beijinhos”.
Recolho à escuridão do meu quarto e ao casulo dos meus lençóis e hiberno na tentativa de simplesmente não sentir.”
É assim que um deprimido se sente, e não, não se trata de algo passageiro, nem tão pouco revela falta de vontade ou fraqueza.
Acima de tudo há que ter a consciência que a Depressão não vai passar se a ignorarmos, se formos fortes o suficiente.
A depressão é uma doença – DOENÇA que deve ser distinguida de estados de humor mais ligeiros e transitórios, como tristeza, e deve ser corretamente diagnosticada e tratada.
Quais os principais sinais da depressão?
Para quem está a começar a viver com depressão, existem vários sinais (mais ou menos óbvios) da doença. Alguns dos principais sinais incluem:
- Estado de humor persistentemente triste
- Perda de interesse em todas as atividades do dia-a-dia (inclusivamente naquelas que eram prazerosas)
- Cansaço extremo e frequente
- Alterações no sono
- Tendência ao isolamento
- Irritabilidade
Se estes sintomas, entre outros, perdurarem por mais de duas semanas é muito importante reconhecer a necessidade de procurar uma avaliação e tratamento especializado articulado, recorrendo a consulta de psiquiatria e consulta de psicologia em simultâneo.
Não se deixe arrastar para o interior da espiral negra que é a doença depressiva. Peça ajuda e saiba que pode voltar a ter prazer a viver os seus dias!