Através da integração sensorial somos capazes de dar sentido ao mundo ao nosso redor e responder de maneira adequada aos estímulos que recebemos.

Quando a integração sensorial funciona corretamente, somos capazes de realizar atividades diárias de forma eficiente, como vestir, comer, brincar e mover. No entanto, algumas crianças, podem enfrentar dificuldades na integração sensorial o que pode resultar em respostas exageradas ou insuficientes a estímulos sensoriais, dificuldades em regular o comportamento, desafios na concentração, na coordenação motora e até dificuldades sociais e emocionais.

Na pediatria, existem sinais de alerta que podem indicar problemas de integração sensorial, como por exemplo:

  • Hipersensibilidade ou hipossensibilidade sensorial: Crianças que demonstram extrema sensibilidade a sons, luzes, texturas ou que parecem não reagir a estímulos sensoriais.
  • Procura excessiva ou evitamento de determinados estimulos sensoriais: Crianças que estão constantemente a procurar sensações intensas ou evitam determinadas sensações.
  • Dificuldades em manter a atenção e concentração, especialmente em ambientes com muitos estímulos sensoriais.
  • Dificuldades em coordenar movimentos, realizar tarefas motoras ou manter o equilíbrio que podem ser influenciadas por problemas de processamento sensorial.
  • Respostas emocionais intensas: Reações emocionais desproporcionais a determinados estímulos, como crises de choro ou raiva extrema.
  • Dificuldades na interação social, em entender os limites de espaço pessoal, em aproximar-se e interagir com o outro.
  • Dificuldades na alimentação, em aceitar certas texturas, cheiros e sabores dos alimentos restringindo o leque alimentar que consomem.
  • Respostas emocionais imprevisíveis e dificuldade em controlar as suas emoções.

É importante realçar que nem todas as crianças que apresentam esses sinais têm necessariamente problemas de integração sensorial. No entanto, quando estes sinais existem é aconselhável consultar um terapeuta ocupacional qualificado para uma avaliação mais detalhada.

Para ajudar as crianças com dificuldades de integração sensorial, os terapeutas ocupacionais desempenham um papel fundamental na avaliação e intervenção em integração sensorial.

Avaliação

Na avaliação, o terapeuta ocupacional observa e analisa cuidadosamente as respostas da criança a diferentes estímulos sensoriais o que permite identificar padrões e comportamentos que podem indicar dificuldades no processamento sensorial.

O terapeuta utiliza uma variedade de ferramentas de avaliação que podem incluir questionários para os pais ou cuidadores, observações clínicas estruturadas ou não estruturadas com observações de momentos de brincar e de situações sensoriais controladas. Inclui também a análise das competências motoras, do comportamento emocional e da interação social, etc.

O objetivo é obter uma visão abrangente do perfil sensorial da criança e entender como as dificuldades sensoriais afetam o desempenho ocupacional.

Com base nos resultados da avaliação, o terapeuta ocupacional cria um plano de intervenção personalizado. Esse plano pode incluir atividades terapêuticas específicas destinadas a ajudar a criança a desenvolver a capacidade de processar e integrar os estímulos sensoriais de maneira mais eficaz. Além disso, o terapeuta trabalha em colaboração com os pais, educadores e outros profissionais para garantir uma abordagem abrangente e consistente no suporte à criança.

Intervenção

O terapeuta ocupacional desempenha um papel fundamental na intervenção de integração sensorial com crianças. Utilizando a abordagem de Ayres, o terapeuta trabalha para criar um ambiente controlado de forma a ajudar a criança a processar e integrar os estímulos forma mais eficaz.

A par das sessões de terapia de integração sensorial, o terapeuta trabalha em colaboração com os pais e educadores fornecendo estratégias e adaptações para lidar com os desafios sensoriais da criança.